Caos (s.m.)
No mercado financeiro, caos é o nome bonito que damos para aquele momento em que ninguém sabe absolutamente nada — mas todo mundo age como se soubesse. O caos acontece quando a incerteza é colocada a mesa. A pior coisa que existe para o mercado é a tal da incerteza. O risco o mercado precifica. Mas a incerteza? Ah, essa aí tira o sono de todos os investidores. Quando o nível de incerteza aumenta, as movimentações no mercado ficam abruptas.
O resultado? O mercado operando em um clássico manual de recessão:
Bolsa de Valores para baixo
Curva de Juros para baixo
Commodities derretendo
No artigo anterior, falamos sobre o discurso de Trump e o raciocínio por trás das tarifas anunciadas. Agora é hora de virar a página e ver como o mercado digeriu tudo isso.
Expresso Semanal #025
“O dia da Libertação americana”
Chegou, enfim, o tão aguardado Dia T – um marco que, nas palavras do próprio Trump, “será lembrado como o dia em que a indústria americana renasceu”.
Impacto nas Bolsas
Foi a pior semana desde 2020. O Russell 2000 e a Nasdaq oficialmente entraram em Bear Market. O Dow Jones desabou 2.000 pontos — algo que só aconteceu quatro vezes na história. Mais de US$ 7 trilhões evaporaram do mercado financeiro, sendo US$ 1,03 trilhão só das queridinhas Mag-7. O S&P 500 registrou suas maiores quedas diárias desde a pandemia, com 96% dos papéis no vermelho. Desde que o governo Trump começou, o mercado americano já perdeu US$ 11 trilhões em valor.
Na semana:
S&P: -9.1%
Nasdaq: -9.8%
Dow Jones: -7,9%
Ibov: -3.5%
T10Y: -4.00%
No acumulado da semana, os ETFs globais (em dólar) tiveram o seguinte desempenho:
Com o mercado começando a precificar uma recessão global, as commodities sofreram fortes correções. O Petróleo, por exemplo, voltou para o seu patamar de 2021, derretendo cerca de ~13% em apenas dois dias. Além das tarifas, o baque veio com um anúncio inesperado da OPEC+: o cartel prometeu aumentar significativamente a oferta. E quando o assunto é commodities, a velha e simples lei da oferta e demanda fala mais alto: mais oferta e menos demanda = queda abrupta do preço.
Esse gráfico ajuda a entender um pouco a magnitude do movimento: No S&P, foram 11400 pregões desde 1980. E em só 29 dias fecharam piores que a quinta-feira e a sexta-feira passada!
Vix
O chamado “índice do medo”, o VIX, disparou 110% nos dois pregões seguintes ao Dia T, saltando de 21,65 para 45,30. Esse nível de fechamento semanal só foi registrado em duas ocasiões anteriores: durante a crise do subprime (outubro de 2008 a março de 2009) e no auge da pandemia, em março de 2020.
O índice Fear&Greed apresenta um nível extremo:
O investidor PF americano entrou com US$ 4,7 bilhões em compras de ações na quint-feira, no meio do sell-off do mercado americano. Segundo o J.P Morgan, esse foi o maior nível nos últimos 10 anos
Volatilidade
Diante desse cenário, resolvi rodar um gráfico para avaliar a dinâmica da volatilidade no mercado americano em 2025. Vínhamos de dois anos consecutivos com níveis historicamente baixos de volatilidade, mas o comportamento até aqui sugere um ano um pouco diferente: mesmo ainda no início do ano, o padrão atual se assemelha aos anos marcados pela forte volatilidade.
Como investir e preparar a carteira nesse cenário? Vamos conversar!
Impacto nas empresas
Vou trazer apenas o exemplo da Apple, mas que vocês podem imaginar a forma exponencial disso para várias outras empresas e setores
Com o custo de 54% para produtos chineses, o Iphone 16 que custa cerca de US$ 549 passaria para US$ 846. A margem que hoje é de 100%, teria uma redução drástica para apenas 30%. Para permanecer com a mesma margem, o produto deveria passar a ser vendido por US$ 1651, ao invés dos US$ 1100 praticados.
Pra finalizar, um breve resumo das movimentações do mercado na última sexta-feira: