Fala pessoal,
E os Estados Unidos perdeu o seu último selo de perfeição no crédito. A agência Moody’s — depois da Standard & Poor’s em 2011 e da Fitch em 2023 — decidiu por rebaixar o triple A (AAA) para o Aa1, um grau abaixo da máxima.
A Moody’s olhou pro problema fiscal americano — déficit de US$ 1,05 até agora nesse ano fiscal, gastos continuando em alta e um Congresso que só faz cortes no PPT. A agência ainda acredita que o cenário fiscal tende a piorar caso os cortes de impostos, feitos em 2017, sejam renovados ( o que eles acreditam que serão). As projeções mostram um rombo que pode chegar a mais US$ 4 trilhões na próxima década. Isso pode elevar a dívida federal, que hoje representa 98% do PIB, para 134% até 2035.
O clube do AAA está cada vez mais seleto. Apenas 11 países fazem parte dele atualmente: Canadá, Austrália e Cingapura e os europeus Alemanha, Suíça, Holanda, Dinamarca, Suécia, Suíça, Noruega e Luxemburgo.
Ok, há tempos que todo mundo diz que os Estados Unidos vivem no vermelho… que gastam mais do que ganham e produzem muito menos do que o que consumem – o que é verdade! Em qualquer outro país essa conta já teria chego há muito tempo… mas… eles imprimem o dólar! E essa condição de déficit comercial crônico, que pareceria um problema em qualquer lugar, é justamente uma das engrenagens que sustentam a hegemonia global da moeda americana. Sine qua non. Mas claro, com limites — que ninguém sabe ainda qual é.
O que seria uma tragédia econômica para qualquer país, para os EUA é apenas parte do show… desde os anos 1970, os déficits em conta corrente viraram regra. No início dos anos 1980, os EUA ainda eram credores líquidos do resto do mundo. Mas a sequência de déficits fez com que, a partir de 1989, eles passassem para o outro lado da balança: tornaram-se devedores líquidos. Hoje, o passivo externo americano já passa de 10 trilhões de dólares – um número que daria calafrios em qualquer ministro da Fazenda do mundo (menos dos EUA).
O motivo é quase poético: os dólares que os EUA mandam para fora comprando bens e serviços não desaparecem…eles retornam. E voltam na forma mais conveniente possível: investimento. Governos, bancos centrais, fundos soberanos, empresas e investidores do mundo inteiro compram títulos do Tesouro americano, ações da Apple, imóveis em Nova York e Miami, e startups do Vale do Silício. O mundo quer guardar riqueza em dólar – e o déficit comercial dos EUA fornece justamente isso. Os dólares vão e voltam, num ciclo de luxo que transforma um rombo externo em financiamento barato.
Pax Americana
Como todos querem dólar, quando o Tesouro americano emite título, o mundo compra. É claro que uma série de fatores levaram a eles ganharem esse status.. a famosa Pax Americana. Poderia escrever sobre ela, como já fiz em artigos anteriores, mas o Zé Rocha da Dahlia descreveu brilhantemente neste vídeo (que eu sempre uso nas palestras)
Mas e agora, seria o fim de Pax Americana e do Exepcionalismo Americano?
Em meados de abril, após o Dia da Libertação, o mercado começou a operar essa tese, com forte rotação de saída dos EUA para o resto do mundo.
No curto prazo, não é uma tese que eu compro… será que o dólar deixará de ser a moeda dominante? Bom, temos alguns cenários que podemos desenhar nesse sentido:
Outra moeda pegaria o lugar do dólar, como o euro ou o yuan.
Para isso, precisamos de uma completa reformulação da Europa ou da China, o que, nas condições atuais e todos os problemas estruturais, acredito que não seja algo simples de ser feito em pouco tempo. No caso da China, como sustentar o déficit comercial com o mundo na condição como vimos acima?
Um mundo com mais de uma moeda dominante
Levantando por alguns, ainda acho a ideia sem sustentação. Um sistema com 2 ou 3 moedas globais concorrentes, pode criar desequilíbrios no mundo. Imagine países e pessoas migrando de uma moeda para outra… bolhas, especulações, problemas cambiais… Keynes já falava um pouco sobre isso
Quer saber como investir e preparar sua carteira para ser resiliente a vários cenários? Vamos conversar sobre como posicionar sua carteira!
Você é do team Pax Americana ou do que acredita numa rotação mundial da hegemonia?
A história nos mostra que impérios sempre caem.. mas nunca da noite pro dia.
Veremos os próximos capitulos! What a time to be alive!