O comitê de política monetária do Banco Central do Brasil (COPOM), decidiu por manter a taxa Selic em 13,75%. Decisão já era amplamente esperada pelo mercado, o qual acredito que o detalhe dessa reunião era em seu comunicado. A decisão da manutenção foi unanime entre os 09 votantes do comitê.
Um ponto interessante neste comunicado foi:
“O Comitê notou também a maior sensibilidade dos mercados a fundamentos fiscais, inclusive em países avançados. O Comitê avalia que ambos os desenvolvimentos inspiram maior atenção para países emergentes”
Esse ponto faz uma alusão clara à disfuncionalidade que observamos no mercado inglês de títulos, onde até a moeda foi fortemente impactada e a volatilidade tomou conta. Com um pacote de estímulos fiscais bem controverso, o prêmio de risco dos ativos aumentou. Falamos um pouco sobre isso na newsletter “When Safe Assets are not that Safe”. Inclusive, como desfecho dessa história tivemos a renuncia da recém empossada primeira ministra Liz Truss.
Dessa forma, o comitê adiciona uma preocupação em relação ao impacto que os países emergentes podem enfrentar, num cenário de maior aperto das condições financeiras dos países desenvolvidos.
No cenário interno brasileiro, não tivemos mudanças relevantes no cenário do comitê. Continuo com uma visão mais otimista, no relativo, aqui para Brasil. Apesar da perspectiva da inflação acelerar agora para o último trimestre, minha projeção continua em algo próximo a 5,5% (um pouco mais otimista que o comunicado, mas estruturalmente igual). Mercado de trabalho voltou para o menor patamar de desemprego desde 2015. Ainda com os dados domésticos performando super bem, não acredito numa redução, tanto na velocidade, quanto na magnitude que o mercado vem precificando para a Selic no ano que vem.
Como balanço de risco, o comunicado destaca, mais uma vez, a possibilidade do hiato estar mais estreito que as projeções do modelo atual. E pelo lado pessimista, ainda paira no radar uma queda nas commodities, impactando nossa balança de pagamentos.