Fala pessoal,
Um dos legados do século passado foi o surgimento das ideias de intervenção estatal na economia, com John Maynard Keynes mostrando que os governos poderiam usar os gastos públicos como um "choque temporário" para amortecer os momentos difíceis. A ideia nasce com a queda da Alemanha e a as duras imposições realizadas pós WW1. Para Keynes, as imposições e as dores econômicas no povo alemão iam, na verdade, se traduzir em um ambiente de maior risco ao continente europeu e para o mundo.
Suas ideias são finalmente implementadas por Franklin D. Roosevelt, no seu primeiro mandato presidencial. Depois de ser reeleito três vezes, ficou muito claro para o mundo político que as ferramentas fiscais e econômicas, na verdade, tinham grande influência popular e impactava fortemente os resultados eleitorais. Tanto é que, após a morte de Roosevelt, no quarto mandato, a legislação americana passou a limitar a Presidência em apenas dois mandados, dado a força que a perpetuação do poder por populismo tinha.
A partir daí, as intervenções deixaram de ser apenas um remédio para suavizar os ciclos econômicos e passaram a ser uma estratégia para aumentar a popularidade dos governos. Como Friedman costumava dizer: “não há nada mais permanente do que um programa de governo temporário”. Durante a forte expansão fiscal da década de 60 nos EUA , que resultou na forte alta da inflação, foi necessário um choque nos juros para colocar a economia americana de volta pro eixo. E então começa o protagonismo das políticas monetárias: resolver os impactos da condução fiscal. Com a eficiência da subida dos juros (o fed funds rate chegou na casa dos 20%), a sociedade americana viu a necessidade de conter os avanços fiscais através das restrições orçamentárias
Já nas terras tupiniquins
Por aqui, tivemos grandes avanços institucionais após a crise fiscal do governo Dilma. O brasileiro sentiu na pele o custo de uma política monetária (alô Tombini) ser dominada por fins políticos. Com isso, o teto de gastos foi instituído em 2016, através de uma Emenda Constitucional. E então temos uma pandemia no meio do caminho (para todos), e a volta dos puxadinhos e políticas fiscais para suavizar a economia - o que, dado as circunstâncias, foi completamente necessário. O problema, relembrando Friedman novamente, é que é extremamente difícil abandonar um programa de transferência de renda quando ele não é mais necessário economicamente. Por quê? Política e Popularidade! É como aquele velho deitado diz: por trás de toda solução política, sempre há um problema econômico.
Forward para os dias atuais
Toda a expansão fiscal realizada pelo governo, mirando a popularidade, não teve êxito. Os resultados das últimas pesquisas são muito ruins para o governo atual e surpreenderam bastante o mercado: pela primeira vez nesta gestão, a desaprovação supera o número da aprovação, e chega a quase metade da população (49%). A percepção negativa sobre o governo também saltou de 31% em dezembro para 37%. São os piores números de Lula nos três mandatos. E com a expectativa da inflação só aumentando (são 13 semanas seguidas de reajustes no Boletim Focus), esses números tendem a piorar ainda mais.
Como fica o cenário agora - onde não há mais espaço para políticas fiscais expansionistas e a popularidade se encontra no ralo?
Assim como um gestor tem na sua cota o seu foco, Lula tem isso com a popularidade. Quais armas serão necessárias para o seu retorno? Essa é uma resposta que não temos no momento, mas que, com certeza, passa pelo campo das políticas monetárias e fiscais.
No mundo ideal, política fiscal e monetária devem andar alinhadas, de mãos dados. Mas quando uma vai para um lado, a outra, necessariamente, precisa ir para o outro.
Uma política fiscal frouxa exige uma política monetária firme!
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