Jackson Hole: quando o silêncio das montanhas faz barulho
+ fechamento dos juros | Viés da Sobrevivência | Palantir
Fala pessoal,
Os dados da inflação divulgados na semana passada animaram o mercado, que chegou a colocar 100% na probabilidade de corte de juros no fedfunds e por aqui observamos a curva futura de juros fechar consideravelmente:
Além das estimativas de inflação serem revisadas para baixo, a taxa Selix esperada também fechou, saindo de quase 15% para 14,78% em um mês:
Jackson Hole
Essa semana, o grande evento será o Simpósio de Jackson Hole, onde teremos discurso de Jay Powell na sexta-feira.
O Simpósio de Jackson Hole nasceu em 1978, mas só ganhou fama global em 1982, quando Paul Volcker, o então presidente do Fed, famoso por enfrentar a inflação americana na marra, apareceu por lá. A ideia era simples: criar um espaço mais “relaxado” (até onde banqueiro central consegue relaxar eu não sei) para discutir os grandes dilemas da economia.
O detalhe curioso é que o Fed de Kansas escolheu o Wyoming justamente porque era perto de boas áreas de pesca, uma paixão de Volcker. Resultado? Ele topou ir, o evento pegou fama e nunca mais saiu do calendário.
De lá pra cá, Jackson Hole virou praticamente o palco oficial para “grandes viradas de roteiro” da política monetária. Foi ali que, em 2010, Ben Bernanke preparou o terreno para o quantitative easing, e em 2020, Jerome Powell apresentou uma mudança histórica na estratégia do Fed, aceitando uma inflação um pouco mais alta para priorizar o emprego.
Esse é o roteiro onde meia dúzia de palavras calculadas chacoalharam mercados trilionários e o mercado vira uma festa com fogos, ou entra em modo velório em questão de segundos.
Linha dos momentos marcantes do Simpósio:
1982 – “A Isca Volcker”. Paul Volcker aparece no simpósio, e pronto: Jackson Hole sai do anonimato e vira a Woodstock dos banqueiros centrais. Tudo graças ao convite estratégico perto dos melhores rios de pesca.
2010 – “Quantitative Easing Remix”. Ben Bernanke solta uma prévia do famoso QE2. Foi como lançar um trailer bombástico: os investidores vibraram, os mercados enlouqueceram e o Fed ganhou a fama de imprimir dinheiro.
2012 – “Draghi Side Quest”. Mario Draghi, presidente do BCE, aparece como convidado especial, na esteira do seu discurso “whatever it takes”. Clássico europeu que até hoje é lembrado como um dos solos mais ousados da política monetária.
2020 – “A Nova Batida da Inflação”. Jerome Powell anuncia que o Fed passaria a tolerar inflação acima da meta por um tempo, para priorizar empregos. Foi como mudar a playlist no meio da festa: de Beethoven para funk.
2022 – “Powell Drops the Bass”. Powell manda um discurso seco, curto e duríssimo contra a inflação. Resultado? O mercado tomou um choque e começou a precificar taxas de juros mais altas.
Viés da sobrevivência
Fala pessoal,
Imagine que, numa terça-feira qualquer, você abre seu e-mail e se depara com uma propaganda meio suspeita:
Lembretes para semana:
Macro sempre tem seu papel: Cenários são construídos, e embasados, em cima disso.
Fluxos não são eternos: dinheiro entra e dinheiro sai. Precisamos aprender a ler o que é estrutural e o que é especulação
Teses mudam (até repentinamente): sempre coloque suas teses à prova e se questione o tempo todo
Posição técnica amplifica movimentos: fluxo e alocações podem alterar a dinâmica de curto prazo. No longo prazo, fundamento predomina.
Palantir: tudo que é caro pode ficar mais caro
Palantir é nada mais, nada menos, que o ativo com o maior valuation da história recente.
E não só quando a gente olha P/L, mas também quando a gente analisa o Preço por Vendas:
Memes
Essa imagem reflete muito o investidor brasileiro:








