Fala pessoal,
Hoje vou sair um pouco da minha seara da Renda Variável e falar sobre Renda Fixa, afinal ela não é nada entediante como muitos pensam que é. Nas mesas de Faria Lima existe competição real entre as mesas de RF e RV, onde ambas possuem muitas oportunidades.
O Índice IMA, da Anbima, pode ser o guia nessa jornada pela RF. Ele é o índice que acompanha de perto as oscilações dos títulos públicos federais. Mais do que um termômetro, o IMA funciona como um raio-X da dívida pública interna, mostrando como os ativos da renda fixa estão se valorizando ao longo do tempo.
Como RF (que não é fixa!) possui alguns segmentos, o IMA é dividido em subíndices que agrupam títulos de mesmo perfil. É como separar os filmes por gênero: ação, romance, comédia… só que aqui, a lógica é por prazo, indexador e volatilidade.
IRF-M (prefixados) – Aqui, o rendimento é fixo e conhecido desde o início. Ideal pra quem gosta de previsibilidade e não curte surpresas.
IMA-S (atrelado à Selic) – Segue a dança da taxa básica de juros. Mais seguro e mais conservador, ideal para tempos turbulentos.
IMA-B (atrelado à inflação) – É o escudo contra o dragão da inflação. Garante rentabilidade real acima do IPCA.
O IMA-B é provavelmente o mais conhecido entre eles. Ele acompanha os títulos indexados ao IPCA, como o Tesouro IPCA+, que rendem uma taxa fixa + inflação, garantindo que seu dinheiro mantenha o poder de compra com o tempo.
O que fazem o IMA-B tão famoso e queridinho é que, em várias janelas de análise, ele bate o CDI e o Ibovespa com muito folga. Quando a janela analisada é mais curta, ele possuem cerca de 60% de probabilidade histórica de bater o CDI, mas ao alongar as janelas, as probabilidades vão ficando imbatíveis: em 5 anos 87%, e em 10 anos 100%
Ou seja: quanto mais tempo você ficar, maiores as chances de ganhar do CDI — com bônus de preservar o poder de compra. Essa lógica podemos aplicar pra quase tudo no mercado financeiro.
Entre os IMA-B, também temos subdivisões, com base na sua duration:
IMA-B5: Títulos com vencimento de até 5 anos (duration média: 2 anos).
IMA-B (geral): Todos os prazos (duration média: 6 anos).
IMA-B5+: Títulos com vencimento acima de 5 anos (duration média: 11 anos).
Lembre-se: quanto maior a duration, maior a volatilidade no curto prazo — mas também maior o potencial de retorno no longo prazo.
Hoje existem ETF que replica cada um desses índices:
B5P211 – Replica o índice IMA-B5
IMAB11 – Replica o índice IMA-B
IB5M11 – Replica o índice IMA-B5+
Qual o melhor? Claro que essa resposta depende do perfil de cada investidor. O que a estatística nos mostra é que os mais longos são mais voláteis, mas também entregam mais retornos.
Falando em IMA-B, esse foi o ativo escolhido para a composição do novo ETF da Itaú Asset, o GOAT11 — o primeiro ETF híbrido, que junta a Renda Fixa brasileira com a Renda Variável americana. O fundo já nasce com R$ 10 bilhões, e possui no mandato essa distribuição:
80% em Renda Fixa: atrelado ao IMAB11, que compra títulos públicos atrelados à inflação brasileira
20% em Renda Variável: via SPXI11, que replica o índice S&P 500, a bolsa mais resiliente do mundo.
Por ter sido enquadrado como ETF de renda fixa, a mordida do Leão é bem mais amigável: paga 15% sobre o lucro na hora do resgate. Nada de come-cotas semestrais, como acontece nos fundos tradicionais. E a liquidez é D+1, diferente dos ETFs de renda variável, que são D+2. O ETF pretende fazer o rebalanceamento a cada 4 meses e a taxa de administração é de 0,50%, com aplicação mínima de R$ 50.
Igor, não é melhor eu comprar os dois ETFs separados?"
Essa pergunta deve ter passado pela sua cabeça. A ideia parece tentadora: “por que não montar eu mesmo essa carteira e economizar a taxa de administração?”. Só que tem alguns detalhes que fazem toda a diferença:
Benefício fiscal: quando você monta a carteira por conta própria e precisa rebalancear (comprar e vender ativos para manter a proporção), paga imposto sobre cada venda. Mas no Fundo, as movimentações realizadas não incide imposto. Só paga quando o investidor decidir resgatar… e o poder do juros compostos pode fazer um estrago e tanto na rentabilidade final
Fator psicológico: será que você vai conseguir manter a disciplina e seguir rebalanceando, mesmo quando uma das classes estiver derretendo há meses ou anos? É bem pouco provável. O fundo te blinda desses impulsos e segue, rigorosamente, a estratégia.
Quer saber como investir e preparar sua carteira para ser resiliente a vários cenários? Vamos conversar sobre como posicionar sua carteira!
A Renda Fixa não é nada monótona, muito pelo contrário. E o IMA — principalmente o IMA-B — mostra que dá pra ter retorno robusto, com proteção e estratégia. Seja pelos ETFs puros ou pelo híbrido GOAT11, o importante é entender o seu perfil, manter a disciplina e… deixar o tempo trabalhar por você!