Fala pessoal,
Essa semana, por enquanto, a bolsa brasileira reforçou sua desconexão com o mercado externo e mostrou a fraqueza pelo lado dos vendidos. Na minha visão, estamos com duas dinâmicas importantes acontecendo atualmente
Fundamentos que não podem ser ignorados
Que a bolsa se encontra “barata”, isso todos nós sabemos há tempos. O P/L segue abaixo de 1 desvio padrão por algum tempo já. Mas esse é apenas um elemento do quebra-cabeça do mercado:
A estrutura de capital das empresas está em um dos seus melhores momentos históricos.
A alocação dos institucionais, que vem sofrendo com resgates há anos, está nas mínimas.
O fluxo estrangeiro ainda não chegou.
A redução do free float: tanto OPAs, como recompras das empresas, reduziram o montante de ações em circulação
Rotação global de ativos
Com o "excepcionalismo americano" em xeque, estamos observando um fluxo muito grande de saída do mercado americano para outros mercados como Europa e emergentes (além de uma rotação clara entre growth>value)
Bruno Coutinho, da Mar Asset, usou a analogia do trem-fantasma: eu entro sabendo que vou sair, posso tomar um susto no meio do caminho, mas no final termina bem. A assimetria de risco está absurda, e a possibilidade de uma perda permanente de capital é muito baixa. Sem falar que o pêndulo das eleições vai começar a balançar cada vez mais. Como lembrete, o rali da Argentina começou cerca de 14 meses antes das eleições do Milei e acredito que hoje, o mercado não precifica uma probabilidade maior de alternância do poder.
A psicologia financeira segue implacável
A bolsa começou a andar, saiu no noticiário, e apesar do Ibovespa subir apenas 10,7% no ano, muitos papéis já avançam 30-40-50%. O velho FOMO aparece, dezenas de mensagens pipocando sobre ações, e o que era patinho-feio vai virando príncipe encantado. Mas as empresas são as mesmas, a estrutura de capital é a mesma, o operacional não mudou!
Conversa de adultos aqui: nada de alavancar patrimônio e migrar tudo 100% pra bolsa! Brasil não virou, e nem vai virar, uma Suíça. A mensagem que eu quero passar é simples: as empresas podem ser uma nota 6 ou 7, mas estão sendo precificadas como nota 2.
Dado o cenário atual, não ter nada em bolsa brasileira me parece um erro estratégico. Ignorar completamente esse movimento pode custar caro… na alocação tática é que ajustamos esse risco, equilibrando e balanceando a carteira (e eu te ajudo com isso!)
O mais irônico é que estou escrevendo isso com ibov caindo, o que não muda em nada minha análise macro do momento!
Hoje escrevi olhando o copo meio cheio, semana que vez podemos fazer um exercício olhando o copo meio vazio.
E para fechar, um dado curioso: nos últimos 74 anos, o mês de março fez apenas um topo no ano no S&P.